O bombardeio estava mais cerrado que as primeiras horas do desembarque em Iwo Jima!
Bastavam cerca de dez minutos de conversa com o meu chefe, Sênior Vice-presidente para a América Latina, e eu ouvia que tinha que demitir o gerente de uma das unidades de negócio.
Aquilo estava me irritando muito! E, para piorar as coisas, o tal gerente deixava alguns furos indefensáveis.
Quase pirei! Já não sabia se o meu chefe estava certo e eu sendo teimoso ou se valeria a máxima que as pessoas podem melhorar, se quiserem e se tiverem oportunidade.
A droga é que quanto mais alguém me empurra para uma direção, mais força faço para ir na direção contrária (que feio, hein? Mas é a pura verdade!).
Depois de quase concordar com ele e quase demitir o cara, decidi que iria seguir os meus princípios (ou teimosia) e aí parti para uma verdadeira operação de guerra, usando variadas táticas de engajamento, em diferentes frentes de batalha.
Ataque frontal: chamei o gerente e reforcei os pontos que deveria melhorar e a minha confiança de que ele conseguiria.
A partir daí a vida do cara virou um inferno. Pressão constante, “mentoring”, e mais pressão. Só faltou o “pede para ir embora, 02”.
Tática de guerrilha: parei de bater de frente com o VP.
Criei um jeito de aliciar um grupo de resistência, no quartel-general da América Latina: o VP de Vendas, o Brand Manager e o seu “braço direito”.
Durante uma das revisões trimestrais, em Miami, listamos as principais dimensões da função do gerente e pedi para que eles criticassem e determinassem os reais pontos de melhoria. Saí da sala e esperei eles me chamassem.
Desse ponto em diante, foi só executar!
Calma, não estou falando do gerente, mas do plano de ação.
Pedi ajuda ao meu principal executivo e nos dividimos num ciclo contínuo de “mentoring” e acompanhamento, sem esquecer a pressão.
Às vezes, achávamos que o cara ia espanar, mas ele aguentou firme!
Ele parou de querer fazer tudo, parou de proteger o seu time dos problemas.
O time reagiu, percebeu que era importante, sentiu-se comprometido com a situação e fizeram parte da solução.
Bem, a história acabou muito bem.
O gerente de fato liderou o time, os resultados aumentaram, o fabricante e os canais só elogiaram e o grupo de resistência ficou muito satisfeito!
Ah! E ainda o meu chefe parou de me irritar e também começou a elogiar o resultado de tudo isso.
Qualquer pessoa merece uma chance e tem jeito sim!
Se ela quiser ser ajudada, basta usar as ajudas certas. Mas o “SE QUISER” faz toda a diferença.
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